Apesar de estarem diretamente ligados, ambiência não é a mesma coisa que bem-estar animal. A ambiência animal é o conjunto das relações, sejam elas diretas ou indiretas, do animal com o ambiente em que ele vive. Essas relações podem ser entre o animal e os elementos climáticos, objetos, outros animais e até mesmo com os seres humanos. O objetivo da ambiência na zootecnia é fazer com que esse conjunto de relações sejam positivas, pois, quando essas relações estão desajustadas podem causar perda de produtividade, já que a maneira como os animais interagem com o ambiente está diretamente ligada com sua capacidade de produzir e expor seu potencial genético.
A forma como o animal interage com o ambiente no qual ele está inserido varia em função da espécie, raça, idade, características pele e do pelame ou penas, além de características intrínsecas de cada animal. Por isso, para evitar o excesso de gastos para acomodar o animal ao clima, é de suma importância que na hora da escolha uma espécie e raça para produção seja levado em consideração o ambiente em que esses animais serão criados.
A grande maioria dos animais domésticos de produção apresenta a capacidade de regular sua temperatura interna independente da temperatura do ambiente, mas quanto mais distante da temperatura ideal aquele animal estiver maior será o gasto de energia para poder regular sua temperatura, energia esta que poderia estar sendo investida em produção. Garantir o conforto térmico dos animais é de extrema importância, pois, afeta a ingestão de alimentos, reprodução, crescimento e produção de carne, leite, lã e ovos. Apesar de a temperatura ser o elemento climático de maior efeito sobre os animais, também deve ser considerada a ação do vento, da umidade e da radiação solar.
Outro fator que também deve ser considerado é a relação dos animais entre si e dos animais com o ser humano. É importante considerar o comportamento dos animais e o espaçamento necessário para cada animal no momento de planejar o ambiente que os animais estarão inseridos. Os animais também devem ser manejados de forma pacífica e sem maus tratos, podendo ser utilizadas inúmeras técnicas que visem reduzir o estresse dos animais no momento do manejo, como, por exemplo, a técnica “nada nas mãos”. Agressões durante o manejo e ambientes mal projetados podem acarretar maiores gastos com medicamentos, perda de animais, queda de produtividade e desvios de carcaça levando a um menor retorno financeiro.
A ambiência deve estar presente em todas as fases da produção animal, desde o nascimento até o abate, sendo realizada dentro e fora da porteira da fazenda. Devem ser adotadas técnicas que visem garantir que os animais estejam confortáveis, tanto durante o dia a dia da fazenda como no transporte, pré-abate e abate dos animais, evitando o estresse que é extremamente prejudicial para a produção animal e para a qualidade do produto final a ser entregue ao consumidor.
Referências
ALVES, Fabiana Villa; PORFÍRIO-DA-SILVA, Vanderley; KARVATTE JUNIOR, N. Bem-estar animal e ambiência na ILPF. Embrapa Gado de Corte-Capítulo em livro científico (ALICE), 2019.
MEDEIROS, Luís Fernando Dias; VIEIRA, Debora Helena. Bioclimatologia animal. Instituto de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 126p, 1997.
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