A Caatinga, bioma genuinamente brasileiro, conhecida pelo seu clima, pelos períodos de seca e poucas chuvas e por sua vegetação – recurso forrageiro de maior expressão dentro do semiárido, com suas plantas nativas de elevado valor nutritivo, é por sua vez a alternativa considerada mais viável para complementar a dieta animal tendo em vista a escassez de alimentos e o alto custo dos insumos agrícolas.
Para melhorar a eficiência da produção dos rebanhos no Nordeste é fundamental a utilização de estratégias de alimentação que atendam aos objetivos dos sistemas de criação, devendo-se priorizar planos nutricionais racionais e econômicos, levando em consideração de que a produção animal está relacionada ao consumo, valor nutricional e a eficiência de utilização do alimento disponível, visando solucionar o problema nutricional dos rebanhos nos períodos mais críticos do ano.
Deve ser priorizada a adoção de sistemas eficientes que se adaptem às condições de cada propriedade, com a utilização de forrageiras que estejam disponíveis, buscando sempre a melhoria dos índices zootécnicos e a preservação do meio ambiente. E entre as plantas nativas da caatinga com o seu valor nutricional em destaque e bom desempenho em condições adversas, podemos citar algumas delas:
1. Maniçoba
A maniçoba é uma planta nativa da caatinga, da família Euforbiácea, encontrada nas diversas área que compõem o Semiárido do Nordeste. Normalmente,ela é heliófila, vegetando em áreas abertas e desenvolvendo-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem drenados, como também naqueles pouco profundos e pedregosos das elevações e das chapadas. A composição químico-bromatológica e a digestibilidade das folhas da maniçoba são consideradas de boa qualidade e suas plantas são normalmente utilizadas como forragem
verde pelos animais que pastejam livremente na caatinga. Entretanto, deve haver restrições a seu uso sob esta forma quando em pastejo exclusivo, devido à possibilidade de provocar intoxicação.
2. Palma Forrageira
A palma forrageira é cultivada com relativo sucesso no semi-árido nordestino desde o início deste século, assim como nas regiões áridas e semiáridas em torno do globo. Por apresentar características morfo-fisiológicas que a tornam apropriada a essas regiões, constituindo-se uma das mais importantes bases de alimentação para bovinos. Possui as seguintes qualidades:
a) bastante rica em água, mucilagem e resíduo mineral;
b) apresentam alto coeficiente de digestibilidade da matéria seca
c) tem alta produtividade.
3. Jureminha
Pode também ser conhecida como anis-de-bode, canela-de-ema, junco-preto, pena-da-saracura e vergalho-de-vaqueiro, totalizando 24 espécies. Sua rusticidade, agressividade e persistência permitem pastejo direto, podendo ser utilizada também para formação de legumineiras, banco de proteínas, ou em consórcio com gramíneas. Rica em minerais e proteína, não apresenta princípio tóxico para os animais (Figueiredo et al., 2000a). Usada para forragem e pasto, possui alta palatabilidade, elevada taxa de crescimento e resiste ao corte e pastejo, podendo ser feitos quatro cortes por ano, dispõe de alta taxa de produção de sementes. É tolerante a regiões semi-áridas e a certas geadas adaptando-se a índices pluviométricos entre 250-1.500 mm; a altitude ideal é de 1.250 m acima do nível do mar. O valor nutricional da jureminha fica entre 24-30% de proteína em matéria seca (Gutteridge, 1994). Suas características nutritivas permitem sugerir o seu uso no arraçoamento do rebanho durante o período de estiagem, de forma a garantir a manutenção dos animais.
4. Feijão-bravo
O feijão-bravo (Capparis flexuosa) é uma planta da região semi-árida do Nordeste do Brasil, pertencente à família Capparaceae, que crescem nos bosques secos do semi-árido do Nordeste do Brasil, permanecendo verde durante todo o ano, produzindo folhas novas, principalmente na época seca, onde é apreciada por bovinos, caprinos e ovinos.
5. Mandacaru sem espinhos
De porte arbóreo, xerófila, nativa do Brasil, espalhado pelo Semiárido nordestino, no qual pertencente à família Cactaceae. A espécie, característica do bioma Caatinga, pode chegar a atingir de 5 a 6 metros de altura, adaptada a ambientes secos, com pouca quantidade de água, suas folhas modificadas em espinhos servem para a defesa do vegetal frente a animais herbívoros. O mandacaru sem espinhos apresenta grande quantidade de fibras que são formadas por polímeros de elevada massa molar, como o amido, hemicelulose, pectina e lignina. É um substrato rico em açúcares simples como glicose, frutose e sacarose, além de outros mono e dissacarídeos que são utilizados pelos microrganismos para síntese de proteínas.
6. Jitirana
A jitirana é uma forrageira nativa da região Nordeste do Brasil, suculenta e com odor agradável, que confere uma ótima aceitação pelos animais, principalmente caprinos, ovinos e bovinos em sistema de pastejo, fazendo parte de sua dieta, sendo encontrada em matas, cercas, clareiras, roçados e em quase todo tipo de solos: arenosos, argiloso, arenoso-argiloso e massapê.
Destaca-se como opção forrageira para a região semiárida servindo de base alimentar aos rebanhos durante o período de escassez de forragem. Além disso, os teores de proteína bruta, cálcio e fósforo da jitirana no início da floração atendem às exigências de bovinos, caprinos e ovinos. Pode ser fornecida in natura aos animais ou ainda ser administrada após processos de conservação de forragem como a fenação ou a ensilagem.
7. Faveleira
Conhecida por favela ou faveleira é uma planta arbórea, xerófila, lactescente, que possui pelos urticantes. Possui várias utilidades, dentre elas a produção de sementes comestíveis, remédios, lenha, madeira para construção, forragem para bovinos e pequenos ruminantes sendo também utilizada para a recuperação de áreas degradadas.Vários casos de intoxicação espontânea em pequenos ruminantes já foram relatados por produtores do semiárido brasileiro.
Por isso, devido à presença de espinhos urticantes em suas folhas e ao seu potencial tóxico por conta do ácido cianídrico (HCN), a faveleira deve ser manuseada de forma cuidadosa e manejada de modo a eliminar sua toxicidade antes de ser fornecida aos animais. O ideal para a utilização da planta como forrageira é fazer feno para ser utilizado no período da seca. Neste caso, o feno com as folhas inteiras da planta terá perdido sua toxicidade em 30 dias após o corte das mesmas.
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